segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Etiópia, o país da África que não foi colonizado pela Europa

A Etiópia é um país localizado na costa leste da África onde, provavelmente, nasceu a nossa espécie: Homo sapiens. A região da Etiópia fez parte de grandes reinos da antiguidade conhecidos como reino de Axum ou Sabá (bíblia). Após tornar-se um país, no século XIX, lutou contra a dominação muçulmana e italiana, vencendo grandes batalhas. Foi o único país africano a manter-se livre por toda história moderna. Mais tarde tornou-se o Império da Etiópia.

Já no século XX, ficou conhecido pela grande participação política internacional de seu Príncipe que se tornaria imperador, Hailé Selassié. Por suas atitudes sempre em prol do povo africano ele ficou conhecido como defensor da liberdade do povo de seu país e de todas as nações africanas. Seus discursos, mundialmente famosos, foram inspiração para grandes movimentos de libertação. O mais famoso deles acabou virando uma música na voz do grande poeta Bob Marley:

                
“Enquanto a filosofia que declara uma raça superior e outra inferior não for finalmente e permanentemente desacreditada e abandonada; enquanto não deixarem de existir cidadãos de primeira e segunda categoria em qualquer nação; enquanto a cor da pele de uma pessoa for mais importante que o brilho dos seus olhos; enquanto não forem garantidos a todos por igual os direitos humanos básicos, sem distinção de raças, até esse dia, os sonhos de paz duradoura, cidadania mundial e governo de uma moral internacional irão continuar a ser uma ilusão fugaz, a ser perseguida, mas nunca alcançada. E igualmente, enquanto os regimes infelizes e ignóbeis que suprimem os nossos irmãos, em condições subumanas, em Angola, Moçambique e na África do Sul não forem superados e destruídos, enquanto o fanatismo, os preconceitos, a malícia e os interesses desumanos não forem substituídos pela compreensão, tolerância e boa-vontade, enquanto todos os Africanos não se levantarem e falarem como seres livres, iguais aos olhos de todos os homens como são no Céu, até esse dia, o continente Africano não conhecerá a Paz. Nós, Africanos, iremos lutar se necessário, e sabemos que iremos vencer, pois somos confiantes na vitória do bem sobre o mal.”

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Educadores

Noutros tempos eu diria que estava desapontado com a educação e com os educadores. Hoje sou apaixonado pela educação e pelos educadores. Sigo desapontado, mas mudei meu foco. Meu problema agora é com os professores que se recusam a aceitar serem educadores. Não só os professores, mas todos nós cidadãos, precisamos aceitar nosso papel enquanto educadores. Educar é agir em prol de uma sociedade melhor no futuro. Somos compelidos a educar. Cabe a nós aceitar ou não.
Todas as pessoas possuem entes, vizinhos, conhecidos ou tutelados que precisam de orientação vez ou outra. Quando surge uma oportunidade pedagógica, ela não pode ser perdida, pois talvez nunca volte. De que adianta bradar aos quatro ventos que a corrupção tomou conta do país e não ensinar à criança que tirar proveito das situações em detrimento do bem maior é errado? Nada.
Somos exemplos vivos do que acreditamos, e se acreditamos mesmo na mudança devemos exemplificar. Uma atitude fala mais que um milhão de palavras. É fácil dizer que crianças devem respeitar os mais velhos, difícil é ser respeitável. É fácil falar que a juventude está perdida, difícil é procurar os jovens, sem preconceitos, e auxiliá-los a encontrar o caminho. É fácil falar, difícil é fazer diferença.

quarta-feira, 22 de abril de 2015

O que uma decepção pode te ensinar

Certa vez li que a decepção é o maior indício de uma expectativa muito elevada. E nada mais certo. Afinal, o que é a decepção?

Segundo o Aurélio: “Decepção. s.f. Engano; logro; desilusão; desapontamento”.  Ou seja: um tapa na cara das suas ilusões. Dói, lógico, afinal te joga de cima das nuvens pra essa crosta dura e cinzenta chamada realidade. Bem ao estilo skydiving, mas sem paraquedas. Porém é onde vivemos, (in)felizmente.

Uma decepção pode ser a única forma de te trazer pra realidade. Quando se trata então de relacionamentos, a coisa fica ainda pior, porque te mostra de maneira bem direta suas próprias carências: projetamos uma imagem idealizada de uma pessoa e a vemos como queríamos que ela fosse, e não como ela é. Então é meio óbvio que, mediante este comportamento, em algum momento você se decepcione, afinal ninguém corresponde ao perfil ideal que criamos, ou se comporta como nas nossas fantasias.


Mas se é tão óbvio, por que continuamos nos decepcionando? Porque nos deixamos levar pelas nossas inseguranças, carências, falta de amor próprio. Temos que parar de depender desse mundo ideal e fazermos a nossa realidade. Viver aqui, agora. A realidade pode ser dolorida mas é onde vivemos e devemos aprender a conviver com as dores, as diferenças, as rejeições e, acima de tudo, com nós mesmos. Somente assim conseguiremos transformar nossas vidas. Viver nas nuvens não passa de uma fuga que, cedo ou tarde, cobrará seu preço. Afinal, quanto mais alto, maior o tombo.

terça-feira, 7 de abril de 2015

Família

É um consenso entre os educadores, especialmente os que trabalham em escolas públicas, que a ausência da família é um grave problema. Ouvimos todos os dias que as famílias estão desestruturadas. Isso às vezes soa como um discurso preconceituoso de quem não consegue ver as novas constituições familiares como corretas. Vivemos num mundo onde pai, mãe e filhos não são mais o modelo padrão familiar. Avôs, avós, tios, pais adotivos, irmãos mais velhos, basicamente qualquer um pode ser responsável por um menor.

Isso não seria um problema. As crianças precisam de modelos a seguir. O real problema é a falta de estrutura íntima das pessoas, o que leva ao problema familiar. Frases como “eu vou quebrar esse menino” ou “não sei mais o que fazer com ela” JAMAIS devem ser ditas por um tutor de uma criança ou adolescente. Categorizar a criança como problemática é algo que precisamos aprender a NUNCA fazer. Mas quando isso vem da pessoa em quem ela mais deveria se apoiar, aí é que a coisa fede.

A epidemia de estresse, depressão e dependência química dos adultos afeta profundamente o desenvolvimento dos jovens. Sem a clareza de como educar, ou pior, sem a vontade de educar, toda e qualquer ação está fadada ao fracasso. Ouço muito falar que a falta de educação dos jovens é “falta de coro”. Na verdade antigamente o coro não era grátis, ele era um método usado na intenção de educar. Conheço muitos garotos e garotas que apanham diariamente e continuam a cometer os mesmos deslizes.

Xingar, bater, brigar, nada disso educa. Até porque na maioria das vezes são válvulas de escape dos pais ou responsáveis para descarregar as próprias frustrações sobre os filhos. “Eu apanhei dos meus pais e agora bato nos meus filhos” é a desculpa usada. Por mais que pareça extremo, é a realidade. É por isso que a escola não pode continuar com o discurso que estamos aqui para escolarizar. Educação vem de casa. E quando ela não vem?

Aceito meu papel de educador. Não pretendo tomar o filho de ninguém, menos ainda o lugar de pai ou mãe. Mas quando a educação de casa não acontece, é nosso DEVER enquanto educadores que somos fazer nossa parte. No mundo ideal dos teóricos de plantão, eu deveria apenas ensinar conteúdo. No mundo real, no qual vivo diariamente, preciso ensinar a não falar junto comigo, ou com os colegas. Ensinar a chegar no horário, a pedir licença e aguardar autorização para entrar ou sair da sala de aula.

Desabafo? Reclamação? Não em relação aos meus queridos e queridas. O que trago é uma visão de porque hoje somos educadores e não mais professores. Porque o MUNDO precisa de educação. A escola deve transpor os limites físicos das salas de aula e dos muros e educar TODA a comunidade escolar. Sim, educar os adultos, orientá-los quando precisarem de acompanhamento psicológico ou médico. Coibir ações violentas, que ferem os direitos humanos. Vejo a escola como uma ponte entre o conhecimento e a sociedade, e conhecimento vai muito além dos conteúdos programáticos. Educar é ensinar a viver.

quinta-feira, 2 de abril de 2015

Lei do Retorno

Recentemente passei (e ainda estou passando) por uma situação que me entristeceu bastante. Normalmente eu teria carregado essa tristeza a tiracolo e estampada na cara. Mas desta vez foi diferente. Tentei levar comigo alegria, ou pelo menos serenidade. Não sei exatamente o porquê, se finalmente comecei a assimilar todas as lições que já recebi ao longo da vida, ou se simplesmente cansei de agir da mesma maneira. Enfim, não importa o motivo, o que importa é o resultado: fantástico.

Percebi o resultado assim que me deparei com pessoas que nem sabiam o que havia acontecido, e continuaram sem saber. E ainda acrescentaram “como você está bem!”. E eu pensava “eu não estou bem”. Bom, não por completo. Foi aí que notei que o “não estar bem” é só uma parte de você. Ele não precisa tomar você por inteiro. É a diferença entre SER e ESTAR. Quando percebi isso, consegui isolar essa tristeza em uma “gaveta”. Sei que ela está ali, ela se abre muito frequentemente. Mas também se fecha quando dou atenção às outras “gavetas”.

Observei também que, de certa forma, quando nos deixamos dominar pela tristeza, nós alimentamos cada vez mais esse estado, correndo o risco de cair no vitimismo. E aí é ladeira abaixo: não nos permitimos achar graça das coisas, nos sentir bem em qualquer situação que seja. Temos que manter o status do coitado. E isso pesa! Sem percebermos, fazemos força pra isso, porque não é nosso estado natural. Nascemos pra ser felizes, é da nossa índole buscarmos aquilo que nos faz bem. Buscamos a leveza do bem estar, não o peso do incômodo. E quando separamos este sentimento ruim (seja ele tristeza ou qualquer outro que nos faça sofrer), nós damos espaço para outros sentimentos se manifestarem. Nós nos permitimos rir mais, brincar mais, conviver mais. Creio que a felicidade, pelo menos hoje, não seja a ausência de problemas, e sim a aceitação deles como parte de você. E mesmo eles estando ali presentes, depende de você a qual parte você vai dedicar a sua atenção.

Enfim, como tudo na vida, mudar hábitos comportamentais requer exercício. Estou tentando praticar o meu, às vezes com sucesso, outras vezes nem tanto. De fato, hoje eu entendo o poder de um sorriso no rosto e, sim, ele volta pra você. Percebi na prática que “é dando que se recebe”. Mas você só está pronto para receber algo se suas mãos estiverem abertas. E elas só se abrirão se você oferecer algo. Então cabe a nós dar o primeiro passo. O resto é com o mundo.

quinta-feira, 26 de março de 2015

O que as crianças precisam?

Eu como professora em início de carreira, pegando poucas turmas e um ano de trabalho em cursinho pré-vestibular, não tenho muito a passar pela minha experiência, a não ser o que aprendi para mim mesma o mínimo que se pode saber para seguir a carreira docente.

Porém, aconteceu uma situação recente e que profundamente tocou meu coração. E não aconteceu em nenhuma experiência propriamente profissional, foi num trabalho voluntário em que eu servia as refeições do evento, e que me atrevo a expô-la aqui.

Apesar de jovem, nós esquecemos como éramos e esperávamos dos adultos quando pré-adolescentes e adolescentes, afinal, a maturidade chega e a sentimos como uma conquista, e o que era passado fica cada vez mais distante com o tempo. Porém, essa situação me fez lembrar como era, não só de como pensava, mas o que sentia de necessidade em relação à algum adulto.

Um menino de por volta de 11 anos, ao final do trabalho, me deu um abraço e perguntou: Tia, você vai sentir saudade de mim? O que eu senti quando ele falou isso a mim e essa pergunta que veio de forma inesperada e eu nunca vou esquecer, pelo menos espero. Por que o que me veio de interpretação me fez conseguir voltar ao tempo e enxergar as crianças de forma bem diferente. O que eles realmente esperam de nós, adultos? Amor e compreensão. Por mais que eu tenha puxado a orelha dele para respeitar a fila e o colega, para ele limpar o que sujasse e se comportar na fila e falei de forma firme, e às vezes, não me deu atenção ou desobedeceu por estar perto de colegas e não querer passar vergonha, no final ele veio, me deu esse abraço e falou essa frase.

Ele é um menino, que entende o que falamos, escolhe ou não se comportar, mas ele sabia que era para o bem da organização e o direito de todos. E a coisa mais importante para ele era se eu iria esquecer dele ou não.

No final, somos pessoas, em vários estágios da vida, mas sempre o que precisamos é de compreensão, de sermos respeitados e amados. Principalmente crianças, que ainda não se sentem fortes para se protegerem, que precisam dos cuidados de alguém, por mais que julguem que conhecem tudo e sabem de tudo. Nós professores, somos também, protetores e tutores dessas crianças, apesar da impossibilidade da distância posta dentro de sala de aula. Que possamos sempre lembrar da humanização do nosso trabalho, com as crianças que estão conosco diariamente ou não. Que não possamos desistir daquelas crianças-problema que têm diversos motivos para serem assim. E que possamos lembrar que o processo de aprendizagem da via criança/professor e professor/aluno é baseada, primeiramente, no respeito.

Deixo essa reflexão com a certeza que por mais que saiba que esse cotidiano seja difícil e essa meta possa ser “impossível”, que possamos (inclusive eu) ter uma fonte de inspiração (e memória, pra mim) para o nosso trabalho com a formação do ser humano.

terça-feira, 24 de março de 2015

Sobre a simplicidade

“Quando a NASA iniciou o lançamento de astronautas, descobriram que as canetas não funcionariam com gravidade zero. Para resolver este “enorme” problema, contrataram a Andersen Consulting, hoje Accenture. Empregaram uma década e 12 bilhões de dólares, conseguiram desenvolver uma caneta que escrevesse com gravidade zero, de ponta cabeça, debaixo d’água, em praticamente qualquer superfície incluindo cristal e em variações diversas de temperatura... Enquanto isso, os russos utilizaram um lápis.”

Este texto circula pela internet há alguns anos e, independentemente de sua veracidade ou (provavelmente) não, ele nos faz pensar: será que mediante um problema nos concentramos efetivamente na solução, ou mergulhamos cada vez mais fundo no problema?

Muitas vezes nós, enquanto seres “emotivos e complexos”, não conseguimos sequer identificar qual o problema a ser resolvido, quanto mais buscar a devida solução. E quando menos percebemos, projetamos todas as nossas incertezas e dificuldades, criando uma “bola de neve” e dificultando ainda mais a identificação de uma solução para algo que seria inicialmente simples.

O primeiro passo para resolver qualquer tipo de desafio é buscar isolá-lo, procurando identificar suas características, causas e efeitos. A partir daí, traçar as possíveis soluções. É fácil dizer isso, se se tratasse de uma simples caneta. Difícil quando se trata de nós mesmos, seres “emotivos e complexos”. Porém não é impossível. A dificuldade maior está em reconhecer que, para o primeiro passo, é fundamental conhecer a si mesmo, como nosso grande amigo Sócrates já tentou nos ensinar. 

E o que conhecer a si mesmo tem a ver com isso? Ora, só consigo isolar algo que não é meu, se eu sei exatamente o que é meu. Quem sou eu, quais minhas dificuldades inatas, quais minhas limitações. A partir daí, consigo traçar um mapa mental e impedir toda essa agregação do meu com o do meio e vice-versa. E então partir para a simplicidade de um "não", de um "sim", ou mesmo de um sorriso, no momento certo.

Citando o princípio lógico de Ockham: "Se em tudo o mais forem idênticas as várias explicações de um fenômeno, a mais simples é a melhor". O que nos falta é nos despirmos de nossos próprios medos, inseguranças, vaidades, e enxergarmos as situações como elas realmente são, e não como achamos que são. Não é fácil. Mas é simples.